domingo, 27 de março de 2011

Estrelas

Vou para o sofá branco, tapo-me com uma manta e vejo as estrelas do lado de fora da janela.

São inúmeras mas não encontro as essenciais.
Que são três seguidas quase com a mesma distância umas das outras, como se fossem ali ficar perpetuamente e com o mesmo brio.


Lembro-me que foi no último fim-de-semana do Verão, antes de começar o último ano do secundário que deitei-me no pátio da casa da Rafaela. Acho que foi essa a primeira vez que dormi em casa dela. Eram duas da manhã e deitámo-nos a ver as estrelas depois e antes da festa. Tentávamos sussurrar mas não conseguíamos parar de rir, então apontei para as três estrelas em linha recta no céu e dissemos que essas eram as nossas estrelas.

Foi em Março pouco depois de a Primavera ter começado. Passei a tarde na casa da Daniela a fazer um trabalho de grupo. Poucos dias depois de ter lá dormido também pela primeira vez. Eu e ela fomos ver o pôr-do-sol, quando regressámos parecia que tínhamos regressado de um outro país, um país um pouco mais afrodisíaco, salvo erro Brasil.

Já passava das dez da noite e estávamos no jardim, apagámos a luz e pusemo-nos a observar as estrelas. Ela estava à procura da estrela dela quando lhe disse que a minha e a da Rafaela pertenciam àquelas três, mas estava incompleto faltava alguém… “Sou eu, aquela estrela é minha. Somos três.” Disse a Daniela, e foi assim que ficámos com uma constelação só para nós.

Sempre que sentia-me a afastar delas ao longo dos meses, olhava para as estrelas e os problemas pareciam desaparecer.


Mas neste momento três anos depois disso que parece ter sido ontem, não vejo as três estrelas, tal como não estou nem com a Daniela nem com a Rafaela, elas estão em Portugal e eu a observar estrelas no meu apartamento de New York.

«Lamechice a mais» penso eu… Olho para o livro que está em cima da cómoda e vem-me à mente uma frase que diz que só muitas poucas pessoas do mundo uma percentagem mínima consegue encontrar o amor verdadeiro, e penso com a amizade não será assim?

E como se fosse ironia ou sarcasmo do destino o telefone toca e é a Rafaela a perguntar os clichés habituais, onde estou, como estou, quando volto… e diz-me:

“Uma amizade assim é para sempre, não é? Atravessou barreiras de tempo e espaço, mudanças físicas e psicológicas, quebrámos estatísticas, e ainda estamos unidas! Não sei se é para sempre mas gosto disto…” E rimo-nos a pensar no futuro.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

doida persistência

Se calhar sou doida ou então sofro de uma doença chamada persistência.


Ou provavelmente sou as duas coisas ao mesmo tempo.

Mas haverás de te de perguntar porque é que não haverias de aceitar a minha proposta. Que parece ser o melhor para todos, mas que talvez possa sair-me mal, é claro que não sou eu a sair-me mal mas sim as palavras que proferir serem as erradas e que tu as interpretes mal. É possível mas improvável, pois, tu percebes-me temos aquela sensação mútua que poderíamos ficar juntos todos os dias que nos íamos entender e sentirmo-nos confortáveis passado algum tempo ao lado um do outro a companhia é uma das melhores coisas que um ser humano pode ter e eu vou em busca da tua como um cão busca um osso, como o winnie the pooh e os amigos foram à procura do pote de ouro no fim do arco-íris.

Até amanhã meu querido

“O amor cria o hábito renasce não é cedo nem é tarde para quem se quer tanto my dear” Margarida Rebelo Pinto

idwtices

w.: Em que estás a pensar?


i.: Em amor. E tu?

w.: De como é tão triste ver uma pessoa sozinha a pensar em amor. O que pensas sobre o amor, se é que eu possa saber?

i.: Que pode estar ao alcance de um dedo se o destino o permitir e for o que duas pessoas queiram.

Há mesmo coincidências não há?

Estou quase a adormecer, apetece-me embrulhar-me com mantas e cobertores meter-me debaixo dos lençóis MAS ANTES DISSO só penso em ti. De como uma meia-de-leite me recorda as nossas chamadas, a nossa ultima conversa os smiles, as reticencias, o teu alpendre e a tua varanda “grande”.Quando leres isto sei que te irás rir. Quero uma meia-de-leite. E uma casa com uma varanda mais bonita, maior e com cheiro a jasmins só para mim, tal como tu tens uma. Mas eu não quero só uma varanda grande, também quero um alpendre onde terei um divã e uma cadeira de baloiço e novamente jasmins e alfazema. Gostava de morar nesta casa que só tem lugar na minha imaginação (à qual tu pertences, não sei como, nem perguntes) contigo. Ah claro tínhamos de ter um piano. Eu tocaria mesmo sem saber tocar. Quando entro num bar e me meto a tocar órgão ou piano os meus conhecidos perguntam contentes com admiração e espanto: “Sabes tocar?”. E tenho de dizer que não. Eles não acreditam à primeira mas dou-lhes três frases com meias palavras e passo a ser a mesma. Contigo queria que fosse diferente… que me ensinarias a tocar naquelas coisinhas brancas que emitem sons como que por magia às quais chamas de teclas e tocássemos uma coisa engraçada… talvez Jazz. Será que cantas? Tenho tantas coisas a perguntar-te mas não posso responder ou posso mas não quero. A esta hora já estás no teu quarto embrulhado nos lençóis e talvez sonhes com pianos. Há mesmo coincidências não há?

Há coisas que não se aturam.

Se alguma vez acabarem com uma relação de melhor amiga eu digo-vos isto: Vocês merecem melhor. Eu merecia melhor.


As pessoas mudam, mas com isso as amigas não precisam de mudar também. Se o fizerem não é porque mudaram mas por terem sido o que foram. E eu fui mais apegada que nunca. Queria uma pessoa, um compromisso que nunca fosse retirado acontecesse o que acontecesse. Mas com o passar dos meses, as coisas não ficam na mesma. Bom bom é só o principio porque depois quando és trocada por uma tarde de ir limpar o pó, é completamente cair de um precipício.

Ter uma pessoa é a melhor coisa que se pode ter, mas é preciso estar à altura em tudo. Ou aturas ou ficas com os olhos de fora de tanto chorar. Eu aturo, mas e se a outra não aturar como é que se pode estar à altura.

Há coisas que não se aturam. Dependência é uma delas.

O porquê das Meias-de-leite

Nós éramos muito novos, pelo menos eu era quando nos conhecemos. Mas se não fosse assim não poderia saborear de igual forma as minhas meias-de-leite. Nunca te contei o porquê da minha obsessão por meias-de-leite pois não?


É simples. Quando mandaste-me a primeira mensagem numa terça à noite estava acompanhada de uma meia-de-leite, e assim foi pelas poucas noites sucessivas que se seguiram. Depois do meu “gosto de ti” para ti lá foram as meias-de-leite que me salvaram… ah e já me esquecia acho que tinha sido numa sexta à noite que me ligas-te passado uma hora do meu pedido, e a pensar que não me ias responder resignei-me a uma meia-de-leite, ia a meio do principio quando oiço o meu telemóvel a tocar e eras tu.
E assim que vivam para sempre em mim meias-de-leite. De uma coisa podes ter a certeza sempre que beber uma meia-de-leite à noite estarei a pensar em ti… não te assustes… só gosto de ter as boas recordações em conta e por acaso nem são assim tão poucas. Bonne soir mon amour.