sexta-feira, 2 de julho de 2010

Tudo mudou... menos eu


A ti,
Já passou 1 ano e estou na mesma, na praia em que nos vimos pela 1ª vez. Tudo mudou menos eu. Mudou o tempo, até a praia está mudada, as pessoas mudaram... menos eu... tu, não sei. Amar é deixar partir quem amamos, e eu deixei que fosses, que «fosses com o vento». Recordo-me que não estavas muito motivado em viajar, sei que querias ver outras realidades... e eu deixei-te partir.
Deixei-te ir. Não tinha nada para te dar. Não podia ficar contigo pois não sabia se gostavas de mim como eu gosto de ti.
Tudo mudou menos eu.
A olhar para a água, reparo que não estás cá. Este Verão nunca estiveste cá. Queria-te aqui ao pé de mim, abraçar-te outra vez e outra como fazíamos sempre, espontaneamente, como se os nossos braços tivessem vontade própria e deixássemos de pensar. Quando te sentia perto de mim, quando me chamaste no doce tom da tua voz, delicado a tentar que eu te ouvisse... senti-me bem. "Home is where they understand you." T.S.Eliot. Quando estava contigo sentia-me em casa. Não precisavas de dizer grande coisa para eu saber que contigo me sentia confortável, e tu comigo.
Agora sentada a ver o mar, recordo-me ainda mais de ti.
Não posso viver sem amor, nem que sege só nas memórias, na imaginação, nas palavras. Arranjamos sempre forma de estarmos perto de quem amamos. Eu amo-te. Sonho com palavras que me possam trazer um pouco mais de ti.
O céu está cinzento, sempre esteve. Ou não, se calhar foi a minha imaginação de tão triste sem te ter que já imagino nuvens cinzentas onde não existem.
Vou-me embora, desta praia, mas continuo à tua espera, à espera que apareças, que o tempo te traga de volta, e que me abraces e me faças sentir em casa, olhar para ti e teres o mesmo sorriso maior e mais bonito que as estrelas como de cada vez que olhavas para mim.
Recordo-me de ti como és.
Não te irei esquecer, pois nunca se esquece quem amamos, de quem gostámos, a quem deixámos uma parte de nós.
A Diana disse-me «Não estejas triste que a menina sabe que faz mal à pele». Puta acerta sempre, vou ter com ela uns momentos e é nisto que dá. Eu não lhe disse que tinha saudades tuas, mas sim que sentia a tua falta. Não lhe disse que escrevia para ter um pouco mais de ti perto de mim. Ela prometeu-me que vamos tentar ver-te. Eu não sei se ainda tenho esperança de quando te encontrar ainda sentir borboletas na barriga, mas antes uma amizade e tudo o que tínhamos apartada pelas circunstâncias.
O menino sabe que ambos não tínhamos nada para dar um ao outro, e mesmo assim conseguiu a minha amizade, cativou-me e depois foi-se embora. Eu sabia que se ia embora logo que houvesse uma oportunidade, mas mesmo assim apaixonei-me por si, e dependo do que há instalado nas nossas memórias. O que tivemos foi momentos de entendimento, amizade, e talvez amor. Se o visse mais uma vez saberia que nada teria para lhe dar, nem o menino a mim, mas mesmo assim continuaríamos a caminhar de mão dada como se nos conhecêssemos há muitos anos, mas na realidade eu não te conheço, reparo que também nunca me conheceste por isso escrevo para ti, não por ti, mas para ti, para me conheceres melhor.
Não foi preciso palavras para saber que estávamos bem perto um do outro, a pensar que nos conhecíamos, sem nos conhecermos. Mas não preciso que me conheças para saber que contigo sinto-me em casa. Tu compreendes-me e eu a ti, nunca duvidei disso.
Sonho como será o nosso reencontro, será algo mais que um abraço? Ou será muito menos que isso?
Não estou triste por te amar, quem não ama é que é triste. Posso não te ter por enquanto, mas ainda tenho os nossos momentos guardados como se de um tesouro se tratasse.
A Margarida diz para eu não pensar tanto em si que me faz mal, que me mudaste, não vivo das nossas memórias. Eu sei quem sou, para onde quero ir, mas para onde quer que vá arrasto a sua imagem comigo sem sequer pedir nada. Só te vejo se fechar os olhos, e mesmo assim já não sei se és tu ou se és fruto da minha imaginação.
Romeu e Julieta morrem no fim, não deviam. É frustrante ver 3 mortes feitas por guerras que nem sequer eram dos mortos. Um amor apartado pelas circunstâncias. Há quem odeie principalmente pessoas, eu odeio circunstâncias.

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